FORMIGAS SAÚVAS

A formiga saúva é uma séria praga tipicamente rural que traz grandes dores de cabeça ao agricultor, pois sua ação pode ser literalmente devastadora. Ainda que seja rural, a formiga saúva está presente também no meio urbano infestando jardins tanto públicos, quanto particulares, gramíneas, viveiros de mudas, áreas de reflorestamento, etc. Atacam quase todas as culturas, cortando folhas e brotos tenros, com extrema habilidade e rapidez. Sob o nome de formiga saúva, abriga-se um expressivo número de diferentes espécies de formigas, especialmente do gênero Atta (mais de 200 espécies), também conhecidas como formigas cortadeiras. Insetos tipicamente sociais, seus formigueiros são formados por várias câmaras, cada qual com um tipo de finalidade específica.

A sociedade das formigas saúvas é composta por várias castas. As formigas saúvas cortam pedaços de folhas que carregam aos seus ninhos a fim de semear e cultivar fungos que constituem seu alimento exclusivo. Aliás, existem apenas duas espécies que plantam e colhem seu alimento: o homem e a formiga cortadeira. Recebem incontáveis nomes regionais em nosso país, além de saúva: formiga cabeçuda, carregadeira, manhuara, maniuara, picadeira, roçadeira, caiapó, lavradeira, etc. As folhas e outras partes de plantas são levadas ao formigueiro para servirem de substrato para o cultivo do fungo mutualista do qual as formigas se alimentam (Leucoagaris gongylophorus, este é o nome mais aceito atualmente). A saúva rainha é conhecida com o nome de içá (ou tanajura) e os machos são os bitus (ou sabitus); em certos dias claros do começo da estação chuvosa, a geração de saúvas criada para serem reis e rainhas, já alados, inicia sua revoada (conhecida como siriris ou aleluias) para a formação dos pares.

As rainhas levam em suas bocas, uma bolota do fungo essencial colhida no formigueiro natal, são fecundadas e de volta ao solo busca um ponto apropriado para instalar um novo formigueiro; regurgitam a bolota de fungo e irriga-o com sua matéria fecal. Para nossa sorte, cerca de 100% das içás não chegam a formar sauveiros maduros. Durante o vôo são presas de pardais, andorinhas e sabiás; no sauveiro novo, são atacadas por tatus e outros predadores. Tanajuras fazem parte do cardápio alimentar dos índios brasileiros (fritas em salmouras e misturadas com farofas), de sertanejos e tropeiros. Mas, se você for ao mercado público de São José em Recife/PE, por exemplo, poderá adquirir a peso, içás já secos e prontos para ir à panela.